À propos de la propriété intellectuelle Formation en propriété intellectuelle Respect de la propriété intellectuelle Sensibilisation à la propriété intellectuelle La propriété intellectuelle pour… Propriété intellectuelle et… Propriété intellectuelle et… Information relative aux brevets et à la technologie Information en matière de marques Information en matière de dessins et modèles industriels Information en matière d’indications géographiques Information en matière de protection des obtentions végétales (UPOV) Lois, traités et jugements dans le domaine de la propriété intellectuelle Ressources relatives à la propriété intellectuelle Rapports sur la propriété intellectuelle Protection des brevets Protection des marques Protection des dessins et modèles industriels Protection des indications géographiques Protection des obtentions végétales (UPOV) Règlement extrajudiciaire des litiges Solutions opérationnelles à l’intention des offices de propriété intellectuelle Paiement de services de propriété intellectuelle Décisions et négociations Coopération en matière de développement Appui à l’innovation Partenariats public-privé Outils et services en matière d’intelligence artificielle L’Organisation Travailler avec nous Responsabilité Brevets Marques Dessins et modèles industriels Indications géographiques Droit d’auteur Secrets d’affaires Académie de l’OMPI Ateliers et séminaires Application des droits de propriété intellectuelle WIPO ALERT Sensibilisation Journée mondiale de la propriété intellectuelle Magazine de l’OMPI Études de cas et exemples de réussite Actualités dans le domaine de la propriété intellectuelle Prix de l’OMPI Entreprises Universités Peuples autochtones Instances judiciaires Ressources génétiques, savoirs traditionnels et expressions culturelles traditionnelles Économie Financement Actifs incorporels Égalité des genres Santé mondiale Changement climatique Politique en matière de concurrence Objectifs de développement durable Technologies de pointe Applications mobiles Sport Tourisme PATENTSCOPE Analyse de brevets Classification internationale des brevets Programme ARDI – Recherche pour l’innovation Programme ASPI – Information spécialisée en matière de brevets Base de données mondiale sur les marques Madrid Monitor Base de données Article 6ter Express Classification de Nice Classification de Vienne Base de données mondiale sur les dessins et modèles Bulletin des dessins et modèles internationaux Base de données Hague Express Classification de Locarno Base de données Lisbon Express Base de données mondiale sur les marques relative aux indications géographiques Base de données PLUTO sur les variétés végétales Base de données GENIE Traités administrés par l’OMPI WIPO Lex – lois, traités et jugements en matière de propriété intellectuelle Normes de l’OMPI Statistiques de propriété intellectuelle WIPO Pearl (Terminologie) Publications de l’OMPI Profils nationaux Centre de connaissances de l’OMPI Série de rapports de l’OMPI consacrés aux tendances technologiques Indice mondial de l’innovation Rapport sur la propriété intellectuelle dans le monde PCT – Le système international des brevets ePCT Budapest – Le système international de dépôt des micro-organismes Madrid – Le système international des marques eMadrid Article 6ter (armoiries, drapeaux, emblèmes nationaux) La Haye – Le système international des dessins et modèles industriels eHague Lisbonne – Le système d’enregistrement international des indications géographiques eLisbon UPOV PRISMA UPOV e-PVP Administration UPOV e-PVP DUS Exchange Médiation Arbitrage Procédure d’expertise Litiges relatifs aux noms de domaine Accès centralisé aux résultats de la recherche et de l’examen (WIPO CASE) Service d’accès numérique aux documents de priorité (DAS) WIPO Pay Compte courant auprès de l’OMPI Assemblées de l’OMPI Comités permanents Calendrier des réunions WIPO Webcast Documents officiels de l’OMPI Plan d’action de l’OMPI pour le développement Assistance technique Institutions de formation en matière de propriété intellectuelle Mesures d’appui concernant la COVID-19 Stratégies nationales de propriété intellectuelle Assistance en matière d’élaboration des politiques et de formulation de la législation Pôle de coopération Centres d’appui à la technologie et à l’innovation (CATI) Transfert de technologie Programme d’aide aux inventeurs WIPO GREEN Initiative PAT-INFORMED de l’OMPI Consortium pour des livres accessibles L’OMPI pour les créateurs WIPO Translate Speech-to-Text Assistant de classification États membres Observateurs Directeur général Activités par unité administrative Bureaux extérieurs Avis de vacance d’emploi Achats Résultats et budget Rapports financiers Audit et supervision
Arabic English Spanish French Russian Chinese
Lois Traités Jugements Recherche par ressort juridique

Loi n° 4/2001 du 23 février (loi sur la radio), Portugal

Retour
Version la plus récente dans WIPO Lex
Détails Détails Année de version 2001 Dates Entrée en vigueur: 24 février 2001 Adopté/e: 23 février 2001 Type de texte Autres textes Sujet Droit d'auteur, Divers

Documents disponibles

Texte(s) principal(aux) Textes connexe(s)
Texte(s) princip(al)(aux) Texte(s) princip(al)(aux) Portugais Lei n.° 4/2001 de 23 de Fevereiro (Lei da Rádio)        


1030 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001

3 — O Deputado honorário tem direito ao corres- pondente cartão de identificação e goza das mesmas prerrogativas dos antigos Deputados previstas no artigo 28.o e outras a definir pelo Presidente da Assem- bleia da República.

CAPÍTULO VI

Disposições finais e transitórias

Artigo 30.o

Encargos

Os encargos resultantes da aplicação da presente lei são satisfeitos pelo orçamento da Assembleia da Repú- blica.

Artigo 31.o

Disposição revogatória

1 — É revogada a alínea a) do n.o 1 do artigo 3.o do Decreto-Lei n.o 70/79, de 31 de Março, alterado pela Lei n.o 18/81, de 17 de Agosto, e pela Lei n.o 3/87, de 9 de Janeiro, na parte respeitante aos Deputados.

2 — Fica revogada toda a restante legislação em con- trário ao presente Estatuto.

ANEXO

Cartão especial de identificação a que se referem os n.os 4 e 5 do artigo 15.o do Estatuto dos Deputados

Observações. — O cartão é de cor branca, com uma faixa diagonal, com as cores verde e vermelha no canto superior esquerdo. Será autenticado com a assinatura do Presidente da Assembleia da Repú- blica e com a aposição de selo branco de forma que este abranja o canto inferior esquerdo da fotografia.

Dimensões: A 7.

Lei n.o 4/2001

de 23 de Fevereiro

Aprova a Lei da Rádio

A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.o da Constituição, para valer como lei geral da República, o seguinte:

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 1.o

Objecto

A presente lei tem por objecto regular o acesso à actividade de radiodifusão sonora e o seu exercício no território nacional.

Artigo 2.o

Definições

1 — Para efeitos da presente lei entende-se por:

a) Radiodifusão, a transmissão unilateral de comu- nicações sonoras, por meio de ondas radioeléc- tricas ou de qualquer outra forma apropriada, destinada à recepção pelo público em geral;

b) Operador radiofónico, a pessoa colectiva legal- mente habilitada para o exercício da actividade de radiodifusão;

c) Serviço de programas, o conjunto dos elementos da programação, sequencial e unitário, forne- cido por um operador radiofónico e como tal identificado no título emitido na sequência de um processo administrativo de licenciamento ou de autorização;

d) Serviço de programas generalista, o serviço de programas que apresente um modelo de pro- gramação universal, abarcando diversas espécies de conteúdos radiofónicos;

e) Serviço de programas temático, o serviço de pro- gramas que apresente um modelo de progra- mação centrado num determinado conteúdo, musical, informativo ou outro;

f) Programação própria, a que é produzida no estabelecimento e com os recursos técnicos e humanos afectos ao serviço de programas a que corresponde determinada licença ou autoriza- ção, e especificamente dirigida aos ouvintes da sua área geográfica de cobertura;

g) Emissão em cadeia, a transmissão, simultânea ou diferida, total ou parcial, de um mesmo ser- viço de programas por mais de um operador licenciado ou autorizado para o exercício da actividade de radiodifusão.

2 — Exceptua-se do disposto na alínea a) do número anterior:

a) A transmissão pontual de comunicações sono- ras, através de dispositivos técnicos instalados nas imediações dos locais de ocorrência de even- tos a que respeitem e tendo por alvo o público aí concentrado, desde que não envolvam a uti- lização do espectro radioeléctrico;

b) As transmissões através da Internet.

N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1031

3 — Exceptuam-se do disposto na alínea f) do n.o 1 as emissões de carácter publicitário ou meramente repetitivas.

Artigo 3.o

Exercício da actividade de radiodifusão

1 — A actividade de radiodifusão apenas pode ser prosseguida por entidades que revistam a forma jurídica de pessoa colectiva e tenham por objecto principal o seu exercício, nos termos da presente lei.

2 — O exercício da actividade de radiodifusão só é permitido mediante a atribuição de licença ou de auto- rização, conferidas nos termos da presente lei, salva- guardados os direitos já adquiridos por operadores devi- damente habilitados.

3 — As frequências a utilizar pela empresa conces- sionária do serviço público de radiodifusão são atribuí- das por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da comunicação social e das comunicações.

4 — As autorizações para o fornecimento de novos serviços de programas pela concessionária do serviço público são atribuídas por despacho do membro do Governo responsável pela área da comunicação social.

5 — Os operadores radiofónicos com serviços de pro- gramas de âmbito local devem produzir e difundir as respectivas emissões a partir do estabelecimento a que corresponde a licença ou autorização.

Artigo 4.o

Tipologia dos serviços de programas de radiodifusão

1 — Quanto ao nível da cobertura, os serviços de pro- gramas podem ser de âmbito nacional, regional ou local, consoante abranjam, com o mesmo sinal recomendado, respectivamente:

a) A generalidade do território nacional; b) Um conjunto de distritos no continente ou um

conjunto de ilhas nas Regiões Autónomas, ou uma ilha com vários municípios;

c) Um município e eventuais áreas limítrofes, de acordo com as exigências técnicas à necessária cobertura daquele.

2 — Quanto ao conteúdo da programação, os serviços de programas podem ser generalistas ou temáticos.

3 — A classificação dos serviços de programas quanto ao nível de cobertura e conteúdo da programação com- pete à Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS).

Artigo 5.o

Serviços de programas universitários

1 — As frequências disponíveis para o exercício da actividade de radiodifusão de âmbito local podem ser reservadas para a prestação de serviços de programas vocacionados para as populações universitárias, através de despacho conjunto dos membros do Governo res- ponsáveis pelas áreas da comunicação social, das comu- nicações e da educação.

2 — O diploma referido no número anterior abrirá concurso público a que apenas podem candidatar-se entidades participadas por instituições do ensino supe-

rior e associações de estudantes da área geográfica cor- respondente às frequências a atribuir, devendo conter o respectivo regulamento.

3 — Havendo lugar a selecção de projectos apresen- tados ao mesmo concurso, a AACS terá em conta, para efeitos de graduação das candidaturas, a diversidade e a criatividade do projecto, a promoção do experimen- talismo e da formação de novos valores, a capacidade de contribuir para o debate de ideias e de conhecimen- tos, bem como a de fomentar a aproximação entre a vida académica e a população local, e ainda a cooperação institucional alcançada pelas entidades signatárias do projecto.

4 — Os serviços de programas a que se refere o pre- sente artigo não podem incluir qualquer forma de publi- cidade comercial, incluindo patrocínios.

5 — Os serviços de programas licenciados ao abrigo deste artigo não são abrangidos pelo artigo 42.o e apenas podem transmitir programação própria, sendo-lhes em tudo o mais aplicável o disposto na presente lei para os serviços de programas temáticos de âmbito local.

Artigo 6.o

Restrições

A actividade de radiodifusão não pode ser exercida ou financiada por partidos ou associações políticas, autarquias locais, organizações sindicais, patronais ou profissionais, directa ou indirectamente através de enti- dades em que detenham capital ou por si subsidiadas.

Artigo 7.o

Concorrência e concentração

1 — É aplicável aos operadores radiofónicos o regime geral de defesa e promoção da concorrência, nomea- damente no que respeita às práticas proibidas, em espe- cial o abuso de posição dominante, e à concentração de empresas, com as especialidades previstas na presente lei.

2 — As operações de concentração entre operadores radiofónicos, sejam horizontais ou verticais, seguem ainda o disposto no artigo 18.o, devendo a AACS, sem prejuízo da aplicação dos critérios de ponderação aí definidos, recusar a sua realização quando coloquem manifestamente em causa a livre expressão e confronto das diversas correntes de opinião.

3 — Cada pessoa singular ou colectiva só pode deter participação, no máximo, em cinco operadores de radiodifusão.

4 — Não são permitidas, no mesmo município, par- ticipações superiores a 25% no capital social de mais de um operador radiofónico com serviços de programas de âmbito local.

Artigo 8.o

Transparência da propriedade

1 — As acções constitutivas do capital social dos ope- radores radiofónicos que revistam a forma de sociedade anónima têm obrigatoriamente natureza nominativa.

2 — As alterações ao capital social dos operadores que revistam forma societária devem ser comunicadas à AACS, no prazo de 30 dias, pelo notário que efectivou a correspondente escritura pública.

1032 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001

Artigo 9.o

Fins da actividade de radiodifusão

1 — Constituem fins dos serviços de programas gene- ralistas de radiodifusão, no quadro dos princípios cons- titucionais vigentes:

a) Promover o exercício do direito de informar e de ser informado, com rigor e independência, sem impedimentos nem discriminações;

b) Contribuir para o pluralismo político, social e cultural;

c) Contribuir para a formação do público, favo- recendo o reconhecimento da cidadania enquanto valor essencial à democracia;

d) Promover a cultura e a língua portuguesa e os valores que exprimem a identidade nacional.

2 — Constitui ainda fim específico dos serviços de programas generalistas de âmbito local a produção e difusão de uma programação destinada especificamente à audiência do espaço geográfico a que corresponde a licença ou autorização.

3 — Os serviços de programas temáticos têm como finalidade contribuir, através do modelo adoptado, para a diversidade da oferta radiofónica na respectiva área de cobertura.

Artigo 10.o

Serviço público

O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de radiodifusão, em regime de concessão, nos termos do capítulo IV.

Artigo 11.o

Incentivos do Estado

Tendo em vista assegurar a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião, o Estado organiza um sistema de incentivos não discriminatórios de apoio à radiodifusão sonora local, baseado em cri- térios gerais e objectivos, determinados em lei específica.

Artigo 12.o

Registo

1 — Compete ao Instituto da Comunicação Social (ICS) organizar um registo dos operadores radiofónicos e dos respectivos títulos de habilitação para o exercício da actividade de radiodifusão, bem como dos titulares do capital social, quando os operadores revistam forma societária, nos termos fixados em decreto regulamentar.

2 — Os operadores radiofónicos estão obrigados a comunicar ao ICS os elementos necessários para efeitos de registo, bem como a proceder à sua actualização, nos termos previstos no diploma referido no número anterior.

3 — O ICS pode, a qualquer momento, efectuar audi- torias para fiscalização e controlo dos elementos for- necidos pelos operadores radiofónicos.

Artigo 13.o

Normas técnicas

1 — A definição das condições técnicas do exercício da actividade de radiodifusão e dos equipamentos a uti-

lizar, dos termos e prazos da atribuição das necessárias licenças radioeléctricas e dos montantes das respectivas taxas constam de diploma regulamentar.

2 — O diploma referido no número anterior fixa os termos em que, havendo necessidade de melhorar a qua- lidade técnica de cobertura dos serviços de programas licenciados, é possível solicitar a utilização de estações retransmissoras e a localização da respectiva estação emissora fora do município cuja área pretende cobrir.

CAPÍTULO II

Acesso à actividade

SECÇÃO I

Regras comuns

Artigo 14.o

Modalidades de acesso

1 — O acesso à actividade de radiodifusão é objecto de licenciamento, mediante concurso público ou de autorização, consoante os serviços de programas a for- necer utilizem ou não o espectro hertziano terrestre.

2 — As licenças ou autorizações para emissão são individualizadas de acordo com o número de serviços de programas a fornecer por cada operador.

3 — As licenças e as autorizações são intransmissíveis. 4 — Exceptua-se do n.o 1 o serviço público de radio-

difusão nos termos previstos no capítulo IV.

Artigo 15.o

Emissão das licenças e autorizações

1 — Compete à AACS atribuir as licenças e as auto- rizações para o exercício da actividade de radiodifusão, de acordo com o n.o 2 do artigo anterior, bem como proceder às correspondentes renovações.

2 — O título de habilitação para o exercício da acti- vidade contém, designadamente, a denominação e o tipo do serviço de programas a que respeita, a identificação e sede do titular, bem como a área de cobertura e, se for o caso, as frequências e potência autorizadas.

3 — O modelo do título a que se refere o número anterior é aprovado por despacho conjunto dos mem- bros do Governo responsáveis pelas áreas da comuni- cação social e das comunicações.

Artigo 16.o

Instrução dos processos

1 — Os processos de licenciamento ou autorização são instruídos pelo ICS, que promoverá, para o efeito, a recolha dos necessários pareceres do Instituto das Comunicações de Portugal (ICP), no que respeita às condições técnicas da candidatura.

2 — Os processos que não preencham as condições legais e regulamentares de candidatura não são aceites, sendo a respectiva recusa objecto de despacho do mem- bro do Governo responsável pela área da comunicação social.

3 — O ICS submete os processos à apreciação da AACS no prazo de 45 dias após o termo do prazo de apresentação das candidaturas ou após o saneamento dos processos, ou no prazo de 7 dias após a recepção e saneamento, consoante se trate, respectivamente, de

N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1033

licenciamento ou de autorização de serviços de pro- gramas.

4 — A AACS delibera no prazo de 60 ou de 15 dias, consoante se trate, respectivamente, de licenciamento ou de autorização de serviços de programas.

Artigo 17.o

Prazos

1 — As licenças e autorizações são emitidas pelo prazo de 10 anos, renováveis por iguais períodos, mediante solicitação, com seis meses de antecedência, do respectivo titular, devendo a correspondente decisão ser proferida no prazo de três meses a contar da data da apresentação do pedido.

2 — No caso de a AACS não se pronunciar no prazo de três meses, considera-se o pedido de renovação taci- tamente aprovado.

Artigo 18.o

Alterações subjectivas

1 — A realização de negócios jurídicos que envolvam a alteração do controlo de empresa detentora de habi- litação legal para o exercício da actividade de radio- difusão só pode ocorrer três anos depois da atribuição original da licença, ou um ano após a última renovação, e deve ser sujeita à aprovação prévia da AACS.

2 — A AACS decide no prazo de 30 dias, após veri- ficação e ponderação das condições iniciais que foram determinantes para a atribuição do título e dos interesses do auditório potencial dos serviços de programas for- necidos, garantindo a salvaguarda das condições que a habilitaram a decidir sobre o projecto original ou sobre as alterações subsequentes.

3 — Para efeitos do n.o 1, considera-se existir controlo da empresa quando se verifique a possibilidade do exer- cício, isolado ou conjunto, e tendo em conta as circuns- tâncias de facto e de direito, de uma influência deter- minante sobre a sua actividade, designadamente através da existência de direitos de disposição sobre qualquer parte dos respectivos activos ou que confiram o poder de determinar a composição ou decisões dos órgãos da empresa.

4 — O regime estabelecido nos números anteriores é aplicável, com as necessárias adaptações, à fusão de cooperativas, devendo a AACS, caso estejam reunidos os pressupostos para a realização da operação, promover as respectivas alterações ao título de habilitação para o exercício da actividade.

Artigo 19.o

Observância do projecto aprovado

1 — O operador radiofónico está obrigado ao cum- primento das condições e termos do serviço de pro- gramas licenciado ou autorizado.

2 — A modificação do serviço de programas só pode ocorrer um ano após a atribuição de licença ou auto- rização e está sujeita a aprovação da AACS.

3 — O pedido de modificação deve ser fundamentado tendo em conta, nomeadamente, a evolução do mercado e as implicações para a audiência potencial do serviço de programas em questão.

4 — No caso de a AACS não se pronunciar no prazo de 90 dias, considera-se a modificação tacitamente aprovada.

Artigo 20.o

Extinção e suspensão

1 — As licenças e as autorizações extinguem-se pelo decurso do prazo pelo qual foram atribuídas ou por revogação, podendo ainda ser suspensas nos termos do artigo 69.o

2 — A revogação das licenças ou autorizações é da competência da AACS e ocorre nos casos previstos no artigo 70.o

Artigo 21.o

Regulamentação

O Governo aprovará a regulamentação aplicável ao licenciamento e à autorização de serviços de programas de radiodifusão e respectiva renovação, que fixará a documentação exigível e o valor das cauções e taxas aplicáveis.

SECÇÃO II

Radiodifusão digital terrestre

Artigo 22.o

Emissões digitais

As licenças detidas pelos operadores de radiodifusão analógica constituem habilitação bastante para o exer- cício da respectiva actividade por via hertziana digital terrestre, nos termos a definir em legislação específica.

SECÇÃO III

Radiodifusão analógica

SUBSECÇÃO I

Ondas radioeléctricas

Artigo 23.o

Radiodifusão em ondas quilométricas e decamétricas

1 — A actividade de radiodifusão em ondas quilo- métricas (ondas longas) e decamétricas (ondas curtas) é assegurada pela concessionária do serviço público de radiodifusão, sem prejuízo dos actuais operadores con- cessionários ou devidamente licenciados.

2 — Excepcionalmente, e por razões de interesse público, a actividade a que se refere o número anterior pode ser exercida por outras entidades, mediante con- trato de concessão a autorizar por resolução do Con- selho de Ministros.

Artigo 24.o

Radiodifusão em ondas hectométricas e métricas

A actividade de radiodifusão em ondas hectométricas (ondas médias — amplitude modulada) e métricas (ondas muito curtas — frequência modulada) pode ser prosseguida por qualquer operador, nos termos do n.o 1 do artigo 3.o

SUBSECÇÃO II

Concurso público

Artigo 25.o

Abertura do concurso

1 — As licenças para o exercício da actividade de radiodifusão são atribuídas por concurso público.

1034 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001

2 — O concurso público é aberto, após audição da AACS, por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da comunicação social e das comunicações, o qual deve conter o respectivo objecto e regulamento.

Artigo 26.o

Apresentação de candidaturas

1 — Os requerimentos para atribuição de licenças para o exercício da actividade de radiodifusão são diri- gidos à AACS e entregues, para instrução, no ICS, no prazo fixado no despacho de abertura do concurso público.

2 — Para além de outros documentos exigidos no regulamento do concurso, os requerentes devem apre- sentar uma descrição detalhada dos meios técnicos e humanos afectos ao projecto e da actividade que se pro- põem desenvolver.

Artigo 27.o

Limites à classificação

1 — Em cada um dos municípios que integram as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto existirá, pelo menos, uma frequência afecta a um serviço de progra- mas de âmbito local e de conteúdo generalista.

2 — Fora das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, os serviços de programas de âmbito local difun- didos por via hertziana terrestre apenas podem ser clas- sificados como temáticos se, no respectivo município, pelo menos duas frequências estiverem afectas a serviços de programas generalistas.

Artigo 28.o

Preferência na atribuição de licenças

Havendo lugar, para atribuição de licenças, à selecção de projectos apresentados ao mesmo concurso, a AACS terá em conta, para efeitos de graduação de candi- daturas:

a) A qualidade do projecto de exploração, aferida em função da ponderação global das linhas gerais de programação, da sua correspondência com a realidade sócio-cultural a que se destina, do estatuto editorial e do número de horas dedi- cadas à informação de âmbito equivalente ao da área de cobertura pretendida;

b) A criatividade e diversidade do projecto; c) O menor número de licenças detidas pelo

mesmo operador para o exercício da actividade; d) O maior número de horas destinadas à emissão

de música portuguesa.

Artigo 29.o

Início das emissões

1 — As emissões devem iniciar-se no prazo de seis meses após a data da publicação no Diário da República da deliberação de atribuição da respectiva licença.

2 — Os operadores de radiodifusão com serviços de programas de cobertura nacional ficam obrigados a garantir, no prazo de três anos sobre a data de atribuição das respectivas licenças, a cobertura de 75% do cor- respondente espaço territorial, devendo o restante ser assegurado no prazo de cinco anos.

Artigo 30.o

Associação de serviços de programas temáticos

Os serviços de programas temáticos que obedeçam a um mesmo modelo específico podem associar-se entre si, até ao limite máximo de quatro, para a difusão simul- tânea da respectiva programação, não podendo entre os emissores de cada um deles mediar uma distância inferior a 100 km.

SUBSECÇÃO III

Conversão de serviços de programas

Artigo 31.o

Alteração da classificação

1 — Os operadores radiofónicos cujos serviços de pro- gramas tenham sido classificados como temáticos podem solicitar, um ano após a respectiva classificação, a sua alteração para generalistas, mediante requerimento diri- gido à AACS e entregue no ICS.

2 — O ICS notifica os operadores cujos serviços de programas tenham idêntica cobertura na área geográfica servida pelo requerente para que se pronunciem, no prazo de 30 dias, quanto à pretensão de igualmente alterar a classificação dos respectivos serviços de pro- gramas, para o que poderão proceder à necessária can- didatura no prazo de 60 dias a contar da mesma data.

Artigo 32.o

Processo

1 — O requerimento a que se refere o n.o 1 do artigo anterior deve conter a fundamentação do projecto com a indicação dos objectivos a atingir, a descrição deta- lhada das linhas gerais da programação a apresentar e a indicação dos recursos humanos e dos equipamentos a utilizar.

2 — Os processos são remetidos, para decisão, à AACS, nos 15 dias seguintes ao termo do prazo na cir- cunstância aplicável, de entre os referidos no n.o 2 do artigo anterior.

3 — Caso as candidaturas excedam o número admis- sível de serviços de programas temáticos nos termos do artigo 27.o, serão hierarquizadas de acordo com os seguintes critérios de preferência:

a) Maior percentagem de tempo destinada a pro- gramas de índole informativa;

b) Maior percentagem de programação própria, tal como definida na alínea g) do artigo 2.o;

c) Adequação do projecto às populações que visa servir;

d) Recursos humanos envolvidos.

4 — A AACS decide no prazo de 30 dias após a recep- ção dos processos.

SECÇÃO IV

Actividade de radiodifusão via satélite e por cabo

Artigo 33.o

Autorização

1 — A concessão de autorizações para o exercício da actividade de radiodifusão via satélite ou por cabo depende da verificação da qualidade técnica do projecto.

N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1035

2 — O pedido de autorização deve ser acompanhado, para além dos documentos indicados no diploma a que se refere o artigo 21.o, dos elementos enunciados no n.o 2 do artigo 26.o

3 — O estabelecimento de redes próprias de trans- porte e distribuição do sinal de radiodifusão por cabo ou por satélite obedece, respectivamente, ao disposto nos Decretos-Leis n.os 241/97, de 18 de Setembro, e 381-A/97, de 31 de Dezembro.

CAPÍTULO III

Programação

SECÇÃO I

Liberdade de programação e de informação

Artigo 34.o

Autonomia dos operadores

1 — A liberdade de expressão do pensamento, através da actividade de radiodifusão, integra o direito funda- mental dos cidadãos a uma informação livre e pluralista, essencial à democracia e ao desenvolvimento social e económico do País.

2 — Salvo os casos previstos na presente lei, o exer- cício da actividade de radiodifusão assenta na liberdade de programação, não podendo a Administração Pública ou qualquer órgão de soberania, com excepção dos tri- bunais, impedir, condicionar ou impor a difusão de quaisquer programas.

Artigo 35.o

Limites à liberdade de programação

1 — Não é permitida qualquer emissão que atente contra a dignidade da pessoa humana, viole direitos, liberdades e garantias fundamentais ou incite à prática de crimes.

2 — É vedada aos operadores radiofónicos a cedên- cia, a qualquer título, de espaços de propaganda política, sem prejuízo do disposto na presente lei em matéria de direito de antena.

Artigo 36.o

Direito à informação

1 — O acesso a locais abertos ao público para fins de cobertura jornalística rege-se pelo disposto no Esta- tuto do Jornalista.

2 — A cobertura informativa de quaisquer eventos através da actividade de radiodifusão está sujeita às nor- mas legais aplicáveis em matéria de direitos de autor e conexos, incluindo as relativas à utilização livre das obras ou prestações protegidas.

3 — Os titulares de direitos decorrentes da organi- zação de espectáculos ou outros eventos públicos não podem opor-se à transmissão radiofónica de breves extractos que se destinem a informar sobre o conteúdo essencial dos acontecimentos em questão.

4 — O exercício do direito à informação sobre acon- tecimentos desportivos, nomeadamente através do seu relato ou comentário radiofónico, não pode ser limitado ou condicionado pela exigência de quaisquer contra- partidas financeiras, salvo as que se destinem a suportar

os custos resultantes da disponibilização de meios téc- nicos ou humanos para o efeito requeridos.

5 — O disposto no número anterior aplica-se aos ope- radores radiofónicos licenciados ou autorizados por direito estrangeiro, desde que igual tratamento seja con- ferido aos operadores nacionais pela legislação ou auto- ridades a que estejam sujeitos, em acontecimentos des- portivos de natureza semelhante.

SECÇÃO II

Obrigações dos operadores

Artigo 37.o

Responsável pelo conteúdo das emissões

Cada serviço de programas deve ter um responsável pela orientação e supervisão do conteúdo das emissões.

Artigo 38.o

Estatuto editorial

1 — Cada serviço de programas deve adoptar um esta- tuto editorial que defina claramente a sua orientação e objectivos e inclua o compromisso de respeitar os direi- tos dos ouvintes, bem como os princípios deontológicos dos jornalistas e a ética profissional.

2 — O estatuto editorial é elaborado pelo responsável a que se refere o artigo anterior, ouvido o conselho de redacção e sujeito a aceitação da entidade proprie- tária, devendo ser remetido, nos 60 dias subsequentes ao início das emissões, à AACS.

3 — As alterações introduzidas no estatuto editorial seguem os termos do disposto no número anterior.

4 — No caso de serviços de programas que já tenham iniciado as suas emissões, o prazo referido no n.o 2 con- ta-se a partir da data da entrada em vigor da presente lei.

Artigo 39.o

Serviços noticiosos

1 — Os operadores radiofónicos que forneçam ser- viços de programas generalistas ou temáticos informa- tivos devem produzir, e neles difundir, serviços noti- ciosos regulares.

2 — Os serviços de programas referidos no número anterior devem, recorrendo a produção própria, difundir um mínimo de três serviços noticiosos respeitantes à sua área geográfica, obrigatoriamente transmitidos entre as 7 e as 24 horas, mediando entre eles um período de tempo não inferior a três horas.

Artigo 40.o

Qualificação profissional

1 — Os serviços noticiosos, bem como as funções de redacção, são obrigatoriamente assegurados pelos jor- nalistas.

2 — Nos serviços de programas de âmbito local, os serviços noticiosos e as funções de redacção podem tam- bém ser assegurados por equiparados a jornalistas.

1036 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001

Artigo 41.o

Programação própria

1 — Os serviços de programas de cobertura local devem transmitir um mínimo de oito horas de progra- mação própria, a emitir entre as 7 e as 24 horas, salvo o disposto no artigo 30.o

2 — Durante o tempo de programação própria, os serviços de programas devem indicar a sua denomina- ção, a frequência da emissão, quando exista, bem como a localidade de onde emitem, a intervalos não superiores a uma hora.

Artigo 42.o

Número de horas de emissão

Os serviços de programas emitidos por via hertziana terrestre devem funcionar vinte e quatro horas por dia.

Artigo 43.o

Registo das emissões

1 — As emissões devem ser gravadas e conservadas pelo período mínimo de 30 dias, se outro mais longo não for determinado por lei ou por decisão judicial.

2 — Os serviços de programas devem organizar men- salmente um registo das obras difundidas, para efeitos dos correspondentes direitos de autor e conexos, a enviar, durante o mês imediato, quando solicitado, às instituições representativas dos autores.

3 — O registo a que se refere o número anterior com- preende os seguintes elementos:

a) Título da obra; b) Autoria e interpretação; c) Editora ou procedência da obra; d) Data da emissão.

Artigo 44.o

Publicidade

1 — A publicidade radiofónica rege-se pelo disposto no Código da Publicidade, com as especialidades pre- vistas nos números seguintes.

2 — Os espaços de programação patrocinados devem incluir, no seu início e termo, a menção expressa desse facto.

3 — Os programas de informação geral, designada- mente os serviços noticiosos, não podem ser patro- cinados.

4 — A inserção de publicidade não pode afectar a integridade dos programas, devendo ter em conta as suas pausas próprias, duração e natureza.

5 — A difusão de materiais publicitários não deve ocupar, diariamente, mais de 20 % do tempo total da emissão dos serviços de programas licenciados.

CAPÍTULO IV

Serviço público

Artigo 45.o

Âmbito da concessão

1 — A concessão do serviço público de radiodifusão abrange emissões de cobertura nacional, regional e

internacionais, que poderão ser redifundidas local- mente, analógicas ou digitais, por via hertziana terrestre, cabo, satélite ou por outro meio apropriado, no quadro das autorizações que lhe sejam conferidas para a uti- lização do espectro radioeléctrico e para o fornecimento de novos serviços de programas.

2 — Os termos da concessão são definidos por con- trato celebrado entre a concessionária e o Estado.

3 — O contrato a que se refere o número anterior carece de parecer da AACS e do conselho de opinião da empresa concessionária, previsto no artigo 51.o, no âmbito das respectivas atribuições.

Artigo 46.o

Concessionária do serviço público

1 — O serviço público de radiodifusão é prestado por um operador de capitais públicos, cujos estatutos são aprovados por decreto-lei.

2 — A concessão do serviço público de radiodifusão é feita pelo prazo de 15 anos, renováveis, nos termos do respectivo contrato.

3 — Os direitos de concessão são intransmissíveis.

Artigo 47.o

Missão do serviço público de radiodifusão

1 — A concessionária deve assegurar uma programa- ção de referência, inovadora e com elevados padrões de qualidade, que satisfaça as necessidades culturais, educativas, formativas, informativas e recreativas dos diversos públicos, obrigando-se, designadamente, a:

a) Assegurar o pluralismo, o rigor e a imparcia- lidade da informação, bem como a sua inde- pendência perante quaisquer poderes, públicos ou privados;

b) Emitir uma programação inovadora e variada, que estimule a formação e a valorização cultural, tendo em especial atenção o público jovem;

c) Difundir uma programação agregadora, aces- sível a toda a população, tendo em conta os seus estratos etários, ocupações e interesses;

d) Difundir uma programação que exprima a diver- sidade social e cultural nacional, combatendo todas as formas de exclusão ou discriminação, e que responda aos interesses minoritários das diferentes categorias do público;

e) Garantir a cobertura noticiosa dos principais acontecimentos nacionais e estrangeiros;

f) Promover e divulgar a criação artística nacional e o conhecimento do património histórico e cul- tural do País;

g) Emitir programas regulares vocacionados para a difusão internacional da língua e cultura portuguesas.

2 — Constitui ainda obrigação da concessionária incorporar as inovações tecnológicas que contribuam para melhorar a eficiência e a qualidade do serviço de que está incumbida e da actividade de radiodifusão em geral.

N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1037

Artigo 48.o

Serviços específicos

Além de outras obrigações constantes do contrato de concessão, a concessionária obriga-se a prestar os seguintes serviços específicos:

a) Assegurar, com o devido relevo e a máxima urgência, a divulgação das mensagens cuja difu- são seja solicitada pelo Presidente da República, pelo Presidente da Assembleia da República e pelo Primeiro-Ministro;

b) Assegurar o exercício do direito de antena, bem como do direito de réplica política dos partidos da oposição, nos termos dos artigos 52.o a 57.o;

c) Manter e actualizar os arquivos sonoros; d) Assegurar o funcionamento do Museu da Rádio; e) Desenvolver a cooperação com operadores radio-

fónicos dos países de língua portuguesa; f) Manter relações de cooperação e intercâmbio

com organizações internacionais e entidades estrangeiras ligadas à actividade radiofónica.

Artigo 49.o

Financiamento

1 — O financiamento do serviço público de radiodi- fusão é garantido pelo produto da cobrança da taxa de radiodifusão sonora, estabelecida pelo Decreto-Lei n.o 389/76, de 24 de Maio, além de outras formas de pagamento a fixar ao abrigo de protocolos firmados entre a Administração Pública e a concessionária.

2 — A taxa de radiodifusão sonora fica abrangida na alínea a) do n.o 1 do artigo 148.o do Código de Pro- cedimento e de Processo Tributário, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 433/99, de 26 de Outubro.

Artigo 50.o

Fiscalização do cumprimento do serviço público

A fiscalização e a verificação do cumprimento do con- trato de concessão entre o Estado e a concessionária do serviço público de radiodifusão, nos termos nele esta- belecidos, competem ao Ministro das Finanças e ao membro do Governo responsável pela área da comu- nicação social.

Artigo 51.o

Conselho de opinião

1 — O conselho de opinião do serviço público de radiodifusão é constituído maioritariamente por mem- bros indicados por associações e outras entidades repre- sentativas dos diferentes sectores da opinião pública e tem a composição prevista nos estatutos da conces- sionária.

2 — Compete ao conselho de opinião:

a) Dar parecer sobre o cumprimento das obriga- ções de serviço público da concessionária e da sua correspondência com as disposições cons- titucionais, legais e contratuais relevantes;

b) Propor ao accionista Estado os nomes do vice- -presidente e de um ou dois vogais do conselho de administração da concessionária, consoante esta tenha três ou cinco membros, nos termos previstos nos estatutos da mesma;

c) Dar parecer sobre o contrato de concessão do serviço público de radiodifusão;

d) Apreciar os planos de actividades e orçamento relativos ao ano seguinte, bem como o relatório e contas da concessionária;

e) Apreciar as bases gerais da actividade da con- cessionária no que concerne à programação e aos planos de investimento;

f) Apreciar a actividade da concessionária no âmbito da cooperação com os países de expres- são portuguesa e do apoio às comunidades por- tuguesas no estrangeiro;

g) Pronunciar-se sobre outras questões que os órgãos sociais entendam submeter-lhe.

CAPÍTULO V

Direitos de antena e de resposta ou réplica política

SECÇÃO I

Direito de antena

Artigo 52.o

Acesso ao direito de antena

1 — Aos partidos políticos, às organizações sindicais, profissionais e representativas das actividades econó- micas, bem como às associações de defesa do ambiente e do consumidor, e, ainda, às organizações não gover- namentais que promovam a igualdade de oportunidades e a não discriminação é garantido o direito a tempo de antena no serviço público de rádio.

2 — Por tempo de antena entende-se o espaço de programação própria da responsabilidade do titular do direito, facto que deve ser expressamente mencionado no início e no termo de cada programa.

3 — As entidades referidas no n.o 1 têm direito, gra- tuita e anualmente, aos seguintes tempos de antena:

a) Dez minutos por partido representado na Assem- bleia da República, acrescidos de quinze segun- dos por cada Deputado eleito;

b) Cinco minutos por partido não representado na Assembleia da República com participação nas mais recentes eleições legislativas, acrescidos de quinze segundos por cada 15 000 votos nelas obtidos;

c) Sessenta minutos, por categoria, para as orga- nizações sindicais, profissionais e representati- vas das actividades económicas e sessenta minu- tos para as restantes entidades indicadas no n.o 1, a ratear de acordo com a sua repre- sentatividade;

d) Dez minutos por outras entidades que tenham direito de antena atribuído por lei.

4 — Cada titular não pode utilizar o direito de antena mais de uma vez em cada 15 dias, nem em emissões com duração superior a cinco ou inferior a dois minutos, salvo se o seu tempo de antena for globalmente inferior.

5 — Os responsáveis pela programação devem orga- nizar, com a colaboração dos titulares do direito de antena e de acordo com a presente lei, planos gerais da respectiva utilização.

6 — Na impossibilidade insanável de acordo sobre os planos referidos no número anterior e a requerimento dos interessados, cabe a arbitragem à AACS.

1038 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001

Artigo 53.o

Limitação ao direito de antena

1 — O exercício do direito de antena não pode ocor- rer aos sábados, domingos e feriados oficiais, devendo ainda ser suspenso um mês antes da data fixada para o início do período de campanha em qualquer acto elei- toral ou referendário, nos termos da legislação res- pectiva.

2 — O direito de antena é intransmissível.

Artigo 54.o

Emissão e reserva do direito de antena

1 — Os tempos de antena são emitidos no serviço de programas de cobertura nacional de maior audiência entre as 10 e as 20 horas.

2 — Os titulares do direito de antena devem solicitar a reserva do tempo de antena a que tenham direito até cinco dias úteis antes da transmissão, devendo a respectiva gravação ser efectuada ou os materiais pré- -gravados entregues até quarenta e oito horas antes da emissão do programa.

3 — Aos titulares do direito de antena são assegu- rados os indispensáveis meios técnicos para a realização dos respectivos programas em condições de absoluta igualdade.

Artigo 55.o

Caducidade do direito de antena

O não cumprimento dos prazos previstos no artigo anterior determina a caducidade do direito, salvo se tiver ocorrido por facto não imputável ao seu titular, caso em que o tempo não utilizado pode ser acumulado ao da utilização programada posterior à cessação do impedimento.

Artigo 56.o

Direito de antena em período eleitoral

Nos períodos eleitorais, a utilização do direito de antena é regulada pela lei eleitoral.

SECÇÃO II

Direito de resposta ou réplica política

Artigo 57.o

Direito de réplica política dos partidos da oposição

1 — Os partidos representados na Assembleia da República que não façam parte do Governo têm direito de réplica, no serviço público de radiodifusão e no mesmo serviço de programas, às declarações políticas proferidas pelo Governo que directamente os atinjam.

2 — A duração e o relevo concedidos para o exercício do direito referido no número anterior serão iguais aos das declarações que lhes tiverem dado origem.

3 — Quando mais de um partido tiver solicitado, atra- vés do respectivo representante, o exercício do direito, o tempo é rateado em partes iguais pelos vários titulares, nunca podendo ser inferior a um minuto por cada interveniente.

4 — Ao direito de réplica política são aplicáveis, com as devidas adaptações, os procedimentos previstos na presente lei para o exercício do direito de resposta.

5 — Para efeitos do presente artigo, só se consideram as declarações de política geral ou sectorial feitas pelo Governo em seu nome e como tal identificáveis, não relevando, nomeadamente, as declarações de membros do Governo sobre assuntos relativos à gestão dos res- pectivos departamentos.

CAPÍTULO VI

Direitos de resposta e de rectificação

Artigo 58.o

Pressupostos dos direitos de resposta e de rectificação

1 — Tem direito de resposta nos serviços de progra- mas de radiodifusão qualquer pessoa singular ou colec- tiva, organização, serviço ou organismo público que neles tiver sido objecto de referências, ainda que indi- rectas, que possam afectar a sua reputação ou bom nome.

2 — As entidades referidas no número anterior têm direito de rectificação na rádio sempre que aí tenham sido feitas referências inverídicas ou erróneas que lhes digam respeito.

3 — Caso o programa onde as referências aludidas nos números anteriores tenha sido difundido numa emis- são em cadeia, os direitos de resposta ou de rectificação podem ser exercidos junto da entidade responsável por essa emissão ou de qualquer operador que a tenha difundido.

4 — O direito de resposta e o de rectificação ficam prejudicados se, com a concordância expressa do inte- ressado, o responsável pelo respectivo serviço de pro- gramas tiver corrigido ou esclarecido o texto em questão, ou lhe tiver facultado outro meio de expor eficazmente a sua posição.

5 — O direito de resposta e o de rectificação são inde- pendentes de procedimento criminal pelo facto da emis- são, bem como do direito à indemnização pelos danos por ela causados.

Artigo 59.o

Direito à audição da emissão

1 — O titular do direito de resposta ou de rectificação, ou quem legitimamente o represente nos termos do n.o 1 do artigo seguinte, pode exigir, para efeito do seu exer- cício, a audição do registo da emissão e sua cópia, mediante pagamento do custo do suporte utilizado, que lhe devem ser facultados no prazo máximo de vinte e quatro horas.

2 — O pedido de audição suspende o prazo para o exercício do direito, que volta a correr vinte e quatro horas após o momento em que lhe tiver sido facultada.

Artigo 60.o

Exercício dos direitos de resposta e de rectificação

1 — O exercício do direito de resposta ou de rec- tificação deve ser requerido pelo próprio titular, pelo seu representante legal ou pelos herdeiros nos 20 dias seguintes à emissão.

2 — O prazo do número anterior suspende-se quando, por motivo de força maior, as pessoas nele refe- ridas estiverem impedidas de fazer valer o direito cujo exercício estiver em causa.

3 — O texto da resposta ou da rectificação deve ser entregue aos responsáveis pela emissão, com assinatura

N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1039

e identificação do autor, através de procedimento que comprove a sua recepção, invocando expressamente o direito de resposta ou de rectificação ou as competentes disposições legais.

4 — O conteúdo da resposta ou da rectificação é limi- tado pela relação directa e útil com as referências que as tiverem provocado, não podendo exceder 300 pala- vras, ou o número de palavras da intervenção que lhe deu origem, se for superior.

5 — A resposta ou a rectificação não podem conter expressões desproporcionadamente desprimorosas ou que envolvam responsabilidade criminal ou civil, na qual só o autor da resposta ou da rectificação incorre.

Artigo 61.o

Decisão sobre a transmissão da resposta ou da rectificação

1 — Quando a resposta ou a rectificação forem intem- pestivas, provierem de pessoa sem legitimidade, care- cerem manifestamente de fundamento ou contrariarem o disposto nos n.os 4 e 5 do artigo anterior, o responsável pelo serviço de programas em causa pode recusar a sua emissão, informando o interessado, por escrito, acerca da recusa e da sua fundamentação, nas vinte e quatro horas seguintes à recepção da resposta ou da rec- tificação.

2 — Caso a resposta ou a rectificação violem o dis- posto nos n.os 4 ou 5 do artigo anterior, o responsável convidará o interessado, no prazo previsto no número anterior, a proceder à eliminação, nas quarenta e oito horas seguintes, das passagens ou expressões em ques- tão, sem o que ficará habilitado a recusar a difusão da totalidade do texto.

3 — No caso de o direito de resposta ou de recti- ficação não terem sido satisfeitos ou terem sido infun- dadamente recusados, o interessado pode recorrer ao tribunal judicial do seu domicílio no prazo de 10 dias a contar da recusa ou do termo do prazo legal para a satisfação do direito, ou à AACS, nos termos da legis- lação especificamente aplicável.

4 — Requerida a notificação judicial do responsável pela programação que não tenha dado satisfação ao direito de resposta ou de rectificação, é aquele ime- diatamente notificado por via postal para contestar no prazo de dois dias úteis, após o que será proferida em igual prazo a decisão, da qual cabe recurso com efeito meramente devolutivo.

5 — Só é admitida prova documental, sendo todos os documentos juntos com o requerimento inicial e com a contestação.

6 — No caso de procedência do pedido, o serviço de programas emite a resposta ou a rectificação no prazo fixado no n.o 1 do artigo seguinte, acompanhada da menção de que é efectuada por decisão judicial ou da AACS.

Artigo 62.o

Transmissão da resposta ou da rectificação

1 — A transmissão da resposta ou da rectificação é feita até vinte e quatro horas após a recepção do res- pectivo texto pelo responsável do serviço de programas em causa, salvo o disposto nos n.os 1 e 2 do artigo anterior.

2 — A resposta ou a rectificação são transmitidas gra- tuitamente no mesmo programa ou, caso não seja pos- sível, em hora de emissão equivalente.

3 — A resposta ou a rectificação devem ser trans- mitidas tantas vezes quantas as emissões da referência que as motivaram.

4 — A resposta ou a rectificação são lidas por um locutor do serviço de programas em moldes que asse- gurem a sua fácil percepção e pode incluir outras com- ponentes áudio sempre que a referência que as motivar tiver utilizado técnica semelhante.

5 — A transmissão da resposta ou da rectificação não pode ser precedida nem seguida de quaisquer comen- tários, à excepção dos necessários para apontar qualquer inexactidão ou erro de facto, os quais podem originar nova resposta ou rectificação, nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 58.o

CAPÍTULO VII

Normas sancionatórias

SECÇÃO I

Formas de responsabilidade

Artigo 63.o

Responsabilidade civil

1 — Na determinação das formas de efectivação da responsabilidade civil emergente de factos cometidos através da actividade de radiodifusão observa-se o regime geral.

2 — Os operadores radiofónicos respondem solida- riamente com os responsáveis pela transmissão de pro- gramas previamente gravados, com excepção dos trans- mitidos ao abrigo dos direitos de antena, de réplica política ou de resposta e de rectificação.

Artigo 64.o

Responsabilidade criminal

1 — Os actos ou comportamentos lesivos de bens jurí- dico-penalmente protegidos, perpetrados através da actividade de radiodifusão, são punidos nos termos da lei penal e do disposto na presente lei.

2 — O responsável referido no artigo 37.o apenas res- ponde criminalmente quando não se oponha, podendo fazê-lo, à comissão dos crimes referidos no n.o 1, através das acções adequadas a evitá-los, caso em que são apli- cáveis as penas cominadas nos correspondentes tipos legais, reduzidas de um terço nos seus limites.

3 — No caso de emissões não consentidas, responde quem tiver determinado a respectiva transmissão.

4 — Os técnicos ao serviço dos operadores radiofó- nicos não são responsáveis pelas emissões a que derem o seu contributo profissional, se não lhes for exigível a consciência do carácter criminoso do seu acto.

Artigo 65.o

Actividade ilegal de radiodifusão

1 — O exercício da actividade de radiodifusão sem a correspondente habilitação legal determina a punição dos responsáveis com prisão até três anos ou com multa até 320 dias.

2 — São declarados perdidos a favor do Estado os bens utilizados no exercício ilegal da actividade de radiodifusão, sem prejuízo dos direitos de terceiros de boa fé.

1040 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001

Artigo 66.o

Desobediência qualificada

O responsável pela programação, ou quem o subs- titua, incorre no crime de desobediência qualificada quando:

a) Não acatar a decisão do tribunal que ordene a transmissão da resposta ou da rectificação, ao abrigo do disposto no n.o 6 do artigo 61.o;

b) Não promover a difusão de decisões judiciais nos exactos termos a que refere o artigo 76.o;

c) Não cumprir as deliberações da AACS relativas ao exercício dos direitos de antena, de réplica política, de resposta ou de rectificação.

Artigo 67.o

Atentado contra a liberdade de programação e informação

1 — Quem impedir ou perturbar a emissão de serviços de programas ou apreender ou danificar materiais neces- sários ao exercício da actividade de radiodifusão, fora dos casos previstos na lei e com o intuito de atentar contra a liberdade de programação ou de informação, é punido com prisão até dois anos ou com multa até 240 dias, se pena mais grave lhe não couber nos termos da lei penal.

2 — A aplicação da sanção prevista no número ante- rior não prejudica a efectivação da responsabilidade civil pelos prejuízos causados ao operador radiofónico.

3 — Se o infractor for agente ou funcionário do Estado ou de pessoa colectiva pública e, no exercício das suas funções, praticar os factos descritos no n.o 1, é punido com prisão até três anos ou com multa até 320 dias, se pena mais grave lhe não couber nos termos da lei penal.

Artigo 68.o

Contra-ordenações

Constitui contra-ordenação, punível com coima:

a) De 250 000$ a 2 500 000$, a inobservância do disposto no n.o 4 do artigo 5.o, no n.o 2 do artigo 12.o, no artigo 37.o, no n.o 2 do artigo 41.o, no n.o 3 do artigo 43.o, no n.o 1 do artigo 77.o, o incumprimento do disposto na primeira parte do n.o 1 do artigo 53.o, bem como o incum- primento do prazo e a omissão da menção refe- ridos no n.o 6 do artigo 61.o;

b) De 750 000$ a 5 000 000$, a inobservância do disposto nos n.os 1 a 3 do artigo 38.o, no artigo 42.o, nos n.os 1 e 2 do artigo 43.o, nos n.os 2 a 5 do artigo 44.o, no n.o 4 do artigo 52.o, no n.o 1 do artigo 54.o, no n.o 2 do artigo 57.o, no n.o 1 do artigo 61.o, no artigo 62.o, bem como o exercício da actividade de radiodifusão antes do pagamento das taxas a que se refere o n.o 1 do artigo 13.o, as violações do disposto na segunda parte do n.o 1 e no n.o 2 do artigo 53.o e do prazo fixado no n.o 1 do artigo 59.o;

c) De 2 000 000$ a 20 000 000$, a inobservância do disposto nos n.os 3 e 4 do artigo 7.o, nos n.os 1 e 2 do artigo 19.o, no artigo 30.o, nos n.os 1 e 2 do artigo 35.o, nos artigos 39.o e 40.o, no n.o 1 do artigo 41.o, no n.o 3 do artigo 71.o, a violação das obrigações de comunicação a que se referem o n.o 2 do artigo 7.o e o n.o 1 do

artigo 18.o, a denegação do direito previsto no n.o 1 do artigo 59.o, assim como a violação dos limites máximos de potência de emissão fixados nos respectivos actos de licenciamento técnico.

Artigo 69.o

Sanções acessórias

1 — O desrespeito reiterado das condições e termos do projecto aprovado, as participações proibidas em mais de um operador, a violação das regras sobre asso- ciação de serviços de programas temáticos e o incum- primento das obrigações relativas à produção e difusão de serviços noticiosos, bem como a repetida inobser- vância da transmissão do número obrigatório de horas de emissão ou de programação própria nos casos não cobertos pela previsão da alínea d) do artigo 70.o, pode- rão dar lugar, atenta a gravidade do ilícito, à sanção acessória de suspensão da licença ou autorização para o exercício da actividade por período não superior a três meses.

2 — A inobservância do disposto no n.o 1 do artigo 35.o, punida nos termos da alínea c) do artigo anterior, pode ainda dar lugar à sanção acessória de suspensão das emissões do serviço de programas onde se verificou a prática do ilícito por período não superior a três meses, excepto quando se trate de emissões publi- citárias, a que se aplicarão as sanções acessórias e as medidas cautelares previstas no Código da Publicidade.

3 — A inobservância do disposto no artigo 35.o, quando cometida no exercício do direito de antena, e no n.o 2 do artigo 53.o, prevista na alínea b) do artigo anterior, pode ainda, consoante a gravidade da infrac- ção, ser punida com a sanção acessória de suspensão do exercício do mesmo direito por períodos de 3 a 12 meses, com um mínimo de 6 meses em caso de rein- cidência, sem prejuízo de outras sanções previstas na lei.

4 — A aplicação de coima pela violação do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 19.o, no artigo 30.o, nos n.os 1 e 2 do artigo 35.o, nos artigos 39.o e 40.o e no n.o 1 do artigo 41.o pode ainda dar lugar à sanção acessória de publicitação de decisão condenatória, nos termos fixados pela entidade competente.

5 — O recurso contencioso da aplicação da sanção acessória prevista nos números anteriores tem efeito suspensivo até o trânsito em julgado da respectiva decisão.

Artigo 70.o

Revogação das licenças ou autorizações

A revogação das licenças ou autorizações concedidas é determinada pela AACS quando se verifique:

a) O não início dos serviços de programas licen- ciados no prazo fixado no n.o 1 do artigo 29.o ou a ausência de emissões por um período supe- rior a dois meses, salvo autorização devidamente fundamentada, caso fortuito ou de força maior;

b) A exploração do serviço de programas por enti- dade diversa do titular da licença ou auto- rização;

c) A realização de negócios jurídicos que impli- quem uma alteração do controlo da empresa detentora da correspondente habilitação legal, sem observância das formalidades referidas no artigo 18.o ou antes de decorrido o prazo aí estabelecido;

N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 1041

d) A realização de emissões em cadeia não auto- rizadas nos termos da presente lei;

e) A reincidência em comportamento que tenha determinado a aplicação de medida de suspen- são da licença ou autorização ou, independen- temente do facto que lhe deu origem, a apli- cação de duas medidas de suspensão no prazo de três anos;

f) A falência do operador radiofónico.

Artigo 71.o

Fiscalização

1 — A fiscalização do cumprimento do disposto na presente lei incumbe ao ICS e, em matéria de publi- cidade, também ao Instituto do Consumidor, sem pre- juízo das competências de qualquer outra entidade legal- mente habilitada para o efeito.

2 — A fiscalização das instalações das estações emis- soras e retransmissoras, das condições técnicas das emis- sões e da protecção à recepção radioeléctrica das mes- mas compete ao ICP, no quadro da regulamentação aplicável.

3 — Os operadores radiofónicos devem facultar o acesso dos agentes fiscalizadores a todas as instalações, equipamentos, documentos e outros elementos neces- sários ao exercício da sua actividade.

Artigo 72.o

Processamento das contra-ordenações e aplicação das coimas

1 — O processamento das contra-ordenações com- pete à entidade responsável pela aplicação das coimas correspondentes, excepto o das relativas à violação dos artigos 35.o, quando cometida através de emissões publi- citárias, e 44.o, o qual incumbe ao Instituto do Con- sumidor.

2 — Compete ao presidente do ICS a aplicação das coimas e sanções acessórias previstas na presente lei, com excepção das relativas à violação:

a) Dos artigos 18.o, 19.o, 35.o, 37.o, 38.o e 52.o a 62.o, que incumbe à AACS;

b) Do artigo 35.o, quando cometida através de emissões publicitárias, e dos n.os 2, 3 e 5 do artigo 44.o, da responsabilidade da comissão de aplicação de coimas prevista no Código da Publicidade.

3 — A receita das coimas reverte em 60% para o Estado e em 40% para o ICS, quando competente para a sua aplicação, ou em 60% para o Estado, 20% para a entidade fiscalizadora e 20% para a entidade res- ponsável pelo processamento das contra-ordenações res- peitantes à violação dos artigos 35.o, quando cometida através de emissões publicitárias, e 44.o

SECÇÃO II

Disposições especiais de processo

Artigo 73.o

Forma do processo

O procedimento pelas infracções criminais cometidas através da actividade de radiodifusão rege-se pelas dis-

posições do Código de Processo Penal e da legislação complementar, com as especialidades decorrentes da presente lei.

Artigo 74.o

Competência territorial

1 — Para conhecer dos crimes previstos na presente lei é competente o tribunal da comarca do local onde o operador radiofónico tenha a sua sede ou represen- tação permanente.

2 — Exceptuam-se do disposto no número anterior os crimes cometidos contra o bom nome e reputação, a reserva da vida privada ou outros bens da persona- lidade, cuja apreciação é da competência do tribunal da comarca do domicílio do ofendido.

3 — No caso de transmissões radiofónicas por enti- dade não habilitada nos termos da lei, e não sendo conhecido o elemento definidor da competência nos ter- mos do n.o 1, é competente o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

Artigo 75.o

Regime de prova

1 — Para prova dos pressupostos do exercício dos direitos de resposta ou de rectificação, e sem prejuízo de outros meios admitidos por lei, o interessado pode requerer, nos termos do artigo 528.o do Código de Pro- cesso Civil, que o operador radiofónico seja notificado para apresentar, no prazo da contestação, as gravações da emissão em causa.

2 — Para além da referida no número anterior, só é admitida prova documental que se junte com o reque- rimento inicial ou com a contestação.

Artigo 76.o

Difusão das decisões

A requerimento do Ministério Público ou do ofen- dido, e mediante decisão judicial que fixará os prazos e horário para o efeito, a parte decisória das sentenças condenatórias transitadas em julgado por crimes come- tidos através da actividade de radiodifusão, assim como a identidade das partes, são difundidas no serviço de programas onde foi praticado o ilícito.

CAPÍTULO VIII

Conservação do património radiofónico

Artigo 77.o

Registos de interesse público

1 — Os operadores radiofónicos devem organizar arquivos sonoros e musicais com o objectivo de con- servação dos registos de interesse público.

2 — A cedência e utilização dos registos referidos no número anterior são definidas por portaria conjunta dos membros do Governo responsáveis pela cultura e pela comunicação social, tendo em atenção o seu valor his- tórico, educacional e cultural para a comunidade, cabendo a responsabilidade pelos direitos de autor à entidade requisitante.

1042 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 46 — 23 de Fevereiro de 2001

CAPÍTULO IX

Disposições finais e transitórias

Artigo 78.o

Contagem dos tempos de emissão

Os responsáveis pelos serviços de programas de rádio asseguram a contagem dos tempos de antena, de réplica política e de resposta ou de rectificação para efeitos da presente lei, dando conhecimento dos respectivos resultados aos interessados.

Artigo 79.o

Norma transitória

1 — O regime decorrente do disposto no n.o 3 do artigo 14.o entra em vigor seis meses após a publicação da presente lei, mantendo-se vigentes, até essa data, as regras relativas à transmissão dos alvarás, fixadas no artigo 15.o do Decreto-Lei n.o 130/97, de 27 de Maio, no quadro da alteração da competência para a sua auto- rização introduzida pela Lei n.o 43/98, de 6 de Agosto.

2 — O disposto no artigo 42.o entra em vigor seis meses após a publicação da presente lei, mantendo-se vigente, até essa data, o regime estabelecido no artigo 4.o do Decreto-Lei n.o 130/97, de 27 de Maio.

3 — A Portaria n.o 931/97, de 12 de Setembro, man- tém-se em vigor até à publicação da regulamentação a que se refere o artigo 21.o

Artigo 80.o

Norma revogatória

1 — São revogados a Lei n.o 87/88, de 30 de Julho, e o Decreto-Lei n.o 130/97, de 27 de Maio, e respectivas alterações.

2 — A Portaria n.o 121/99, de 15 de Fevereiro, man- tém-se em vigor, salvo quanto às disposições contrárias ao que se estabelece na presente lei.

Aprovada em 21 de Dezembro de 2000.

O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

Promulgada em 12 de Fevereiro de 2001.

Publique-se.

O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.

Referendada em 15 de Fevereiro de 2001.

O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres.

Resolução da Assembleia da República n.o 18/2001

Alteração do quadro de pessoal da Assembleia da República

A Assembleia da República, nos termos do n.o 5 do artigo 166.o da Constituição e do n.o 2 do artigo 46.o da Lei n.o 77/88, de 1 de Julho, na redacção dada pela Lei n.o 59/93, de 17 de Agosto, sob proposta do Conselho

de Administração, resolve, em matéria de quadro de pessoal, o seguinte:

Artigo 1.o

Alteração do quadro de pessoal

O n.o 2 do artigo 8.o da Resolução da Assembleia da República n.o 39/96, publicada no Diário da Repú- blica, n.o 275, de 27 de Novembro de 1996, passa a ter a seguinte redacção:

«2 — . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i) Motorista: 17; j) Auxiliar parlamentar: 75; k) Guarda-nocturno: 7; l) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .»

Artigo 2.o

Entrada em vigor

A presente resolução entra em vigor no dia da sua publicação no Diário da República.

Aprovada em 8 de Fevereiro de 2001.

O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL

Decreto-Lei n.o 68/2001 de 23 de Fevereiro

O Decreto-Lei n.o 349/85, de 26 de Agosto, confere ao Instituto de Socorros a Náufragos autonomia admi- nistrativa.

O Decreto-Lei n.o 395/89, de 10 de Novembro, veio dar nova redacção ao texto do artigo 6.o do Decreto-Lei n.o 349/85 com o objectivo de fixar as percentagens de incidência sobre as taxas portuárias relativas à prestação de serviços a navios e embarcações nacionais ou estran- geiros cobradas pelas extintas administrações e juntas portuárias, pelo ex-Instituto Nacional de Pilotagem dos Portos e pela ex-Direcção-Geral de Navegação e Trans- portes Marítimos.

A reestruturação do sistema portuário nacional veio modificar a estrutura institucional existente, alterando a designação dos organismos referidos no corpo do artigo supracitado, e a entrada em vigor do Regulamento do Sistema Tarifário dos Portos do Continente veio alte- rar a designação das taxas portuárias mencionadas no artigo acima referido.

Esta alteração da designação de taxas portuárias só se verifica nos portos do continente, uma vez que nos portos da Madeira e dos Açores o citado Regulamento do Sistema Tarifário ainda não teve aplicação prática.

Importa adaptar o texto do artigo 6.o do Decreto-Lei n.o 349/85 ao novo enquadramento legal do sistema por-


Aucune donnée disponible

N° WIPO Lex PT139